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Áreas de Risco

Talvez me achem um chato porque vivo dizendo que um dia parte do Conjunto Cidadão I desabará sobre o Riacho Doce II e III, ao longo de suas encostas. Talvez me achem um alarmador da ordem pública, etc. Mas quando vejo as recentes e repetidas tragédias do Rio, Minas e São Paulo; olho pela janela e vejo cada dia o morro que me rodeia sendo cavado e casas ao longo desse sendo construidas sem nenhum critério ou segurança, não há como deixar de perceber que um dia isso tudo culminará numa grande tragédia nossa.

Na parte de cima (Conjunto Cidadão I) algumas pessoas fazem do declive seus “terrenos”; capinando a mata nativa e plantando, em sua maioria, bananeiras. Na parte debaixo as pessoas cavam o morro, controem casas na encosta e alguns ainda fazem de parte do aclive, seus terrenos; capinando e deixando esse “limpinho”; ou seja, sem nenhuma contenção natural (árvores). Noutros locais jogam lixo e quando está abarrotado de entulho, vem a pá mecânica e a casamba da empresa coletora de lixo urbano e leva tudo, porém leva também parte do barro do morro e da mata, deixando o barranco cada dia mais aparente e perigoso. Isso é um ciclo vicioso que venho acompanhando há alguns anos na Rua Plutão (Campo Dourado), na Rua Paulo Nery e Rua Ana Granjeiro ( Riacho Doce II) e na Rua Amazonas Botelho (Riacho Doce III).

Manaus tem outros vários locais como este. Com a Copa do Mundo, muitas pessoas estão vindo para cá e não tem onde morar. Essas vão ocupando nossos morros, nossas encostas, nossos igarapés, etc. O governo finge que não vê, agente finge que num é com agente, os que estão construindo usam o discurso da necessidade de moradia (direito constitucional), porém não usam o critério da segurança para si e suas famílias e vão fazendo sua casas em locais impróprios.

O movimento gravitacional de massa, ou seja o deslocamento de solo por encharcamento de água, é algo q ocorre em solos desprovidos de sua contenção natural, ou onde haja alteração de suas encostas e bases; dizem os especialistas no assunto.  Tudo que estiver pelo caminho vai alimentando essa corrida de lama: árvores, entulho, etc. O resultado disso é o que vemos na TV.  Essa corrida de lama mata, desabriga e gera o caos onde ocorre.

A solução é simples, mas dificil de ser executada. Basta remover as pessoas das encostas, fazer replantio  de árvores, obras de contenção nos locais degradados e construir moradias a preços populares para quem realmente necessita. Um projeto desse, de médio a longo prazo (10-20 anos), ninguém quer começar. Aqui em Manaus se ver o PROSAMIM atuando em algumas áreas, mas colocando concreto onde deveria ser mata nativa. No mais ver-se a cidade crescendo e muitos igararpés (como o nosso) sendo preenchidos com tubos de esgoto que, em sua grande maioria, não garantem vazão às águas de chuvas torrenciais como as nossas. Minha rua antes não alagava, como também a rua de trás da minha, depois de uma obra de colocação de tubos, passou a virar um rio em qualquer chuva.

Nossa engenharia urbana e de saneamento precisa se reciclar; mudar; atentar. Pois hoje parece-me que estamos armando uma bomba relógio que explodirá não sabemos quando. Fica aqui mais um registro meu dessa observação. Espero estar errado; em Deus, eu espero!

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