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Ingrid Betancourt narra seus anos de cativeiro.

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Por Javier Mozzo Peña - Reuters

BOGOTÁ (Reuters) - Um pedaço de sabão, uma escova de dentes, uma ou outra roupa íntima eram o tesouro da franco-colombiana Ingrid Betancourt em seus seis anos de cativeiro na selva, descritos por ela como uma viagem à pré-história da qual foi resgatada na quarta-feira.

"Há muito tempo não vejo a luz elétrica, há muito não tenho água corrente, há muito tempo não sei o que é água quente", disse a ex-candidata presidente, sequestrada em 2002, em suas primeiras declarações à imprensa depois de seu resgate.

A operação não teve nenhum disparo, relatou Betancourt, a mais célebre refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que seria trocada por guerrilheiros presos.

"Me sinto como se estivesse voltando de uma viagem ao passado, como se tivesse regressado da pré-história", disse Betancourt, a primeira a sair do avião da Força Aérea que a transportou até a pista de uma base militar em Bogotá.

Betancourt, que disse ter recebido suprimentos de maneira intermitente e que pensava em suicídio diariamente, apertou em suas mãos um rosário de contas com o qual rezava a Deus e à Virgem Maria, a quem também agradeceu em seu regresso à liberdade.

"O pensamento no suicídio era diário, algo que adiávamos diariamente", disse Betancourt ao canal de notícias CNN. "Estive muito doente, creio que estive à beira da morte", acrescentou.

COMIDA ESCASSA

A ex-candidata também conseguiu sobreviver com um consumo escasso de comida, que não incluía frutas nem verduras, e que a levou a um estado grave de saúde, conhecido por fotos que a mostraram com um rosto magro e longos cabelos.

"Comemos muito pouco, com pouca variação na comida", disse Betancourt ao comentar a mais nova derrota à logística dos insurgentes das Farc.

Betancourt também agradeceu às diferentes emissoras de rádio que abriram espaços para enviar cumprimentos aos sequestrados que acompanharam a dureza do cativeiro no momento mais cruel de todos, segundo Betancourt, a colocação de correntes nos reféns no começo da noite.

"Isto é voltar à civilização e aqui estou", disse acompanhada de sua mãe, Yolanda Pulecio, e fazendo um esforço para não cair em pranto.

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